segunda-feira, 8 de março de 2010

No Dia Internacional da Mulher, Pense duas vezes antes de queimar o sutiã!

No Dia Internacional da Mulher, pense duas vezes antes de queimar seu sutiã!

Como é bom ser o que a gente é!
Li o texto da minha colega e ídola Cida Falabella no blog Solteiras e Descoladas. Há poucos dias comentei o quanto é importante envelhecer. Quando se envelhece com sabedoria, parece que ganhamos status e a idade se torna glamourosa, passamos a ser mais respeitadas e nos tornamos verdadeiras divas. Assumir a idade que tem é a melhor forma de aproveitar a vida. Assim como crianças cheias de sexualidade podem causar perplexidade dançando funk carioca, é lamentável mulheres como a Xuxa serem daquele jeito naquela idade.
Como a vida se torna rica quando se vive intensamente as diferenças de suas fases! Aliás, é bom desconfiar que a riqueza das sociedades e dos relacionamentos, ao contrário do que muitos pensam, estão justamente nas diferenças. Definitivamente, temos que nos estabelecer segundo os nossos critérios e não sob os parâmetros da padronização.
E a mesma coisa digo sobre meninos e meninas.
Quando a sociedade ainda era matriarcal, a mulher era respeitada porque era a mãe. Como as relações não eram monogâmicas, não era comum saber quem era o pai dos filhos e por isso, as mulheres eram quem garantiam a sobrevivência da prole. Responsáveis pela manutenção da espécie humana, eram idolatradas e protegidas, mesmo sendo mais poderosas e dotadas de mais recursos para sobreviver.
Esse dado da contemporaneidade que coloca as mulheres no páreo com os homens – até os superando em muitas coisas – me remete de alguma forma ao regime do matriarcado. As mulheres têm dominado o mercado de trabalho, voltaram a garantir o sustento de seus filhos, são capazes de realizar mais tarefas ao mesmo tempo que os homens (dizem que é cientificamente comprovado, mas aqui escrevo apenas como observação natural do cotidiano). Normalmente, as mulheres costumam administrar melhor a necessidade de dar ordens e os homens inteligentes, embora até façam piada, costumam obedecer.
Para os românticos que, como Shakespeare, acreditam que a sociedade pode ser transformada a partir do aprendizado do amor, possibilitado pela vida a dois, é uma benção! Pois nossa sociedade ainda valoriza a estrutura do casamento, de uma maneira mais flexível moralmente, e ainda pode aproveitar todo o potencial que as mulheres têm para oferecer.
Mas há um problema comum entre muitas mulheres e homens “prafrentex” do nosso tempo. Um ranço típico do imaginário da sociedade patriarcal. Um certo conservadorismo em relação à atitude adotada na queima do sutiã, na década de 60, quando as mulheres brigaram por direitos iguais, para desfrutar a vida e fazer alguma coisa no mundo em pé de igualdade com os homens.
Com a conquista desses direitos, as mulheres passaram a agir como homens e os homens, por sua vez, passaram a tratá-las como tais. E assim os indivíduos começaram a se esquecer das diferenças entre os gêneros e, a partir daí, as atitudes de homens e mulheres começaram a se padronizar masculinamente.
É muito comum homens que tratam suas mulheres da mesma forma que tratam seus amigos. Como ogros. Alguns nunca carregaram uma sacola, nunca puxaram uma cadeira, nunca abriram uma porta para elas, tão pouco costumam acompanhá-las até o carro. Não ligam nem para saber se chegaram bem em casa. E ainda acham ruim quando, na quarta feira a noite, suas parceiras recusam, como programa romântico, o jogo de futebol na televisão.
Da mesma forma, algumas mulheres acham uma caretice qualquer tipo de cavalheirismo, como se sentissem diminuídas por serem tratadas como mulher.
Muitas mulheres se treinam para consumir a mesma quantidade de álcool que homens - que, normalmente, têm o peso maior - assim como para gostar de tomar uma cachaça comendo torresmo em pé, calejando o cotovelo no balcão dos botecos.
Eu costumo dizer que, entre solteiros, a maior promiscuidade é não usar preservativo. Mas confesso que me incomoda quando mulheres saem na madrugada “pegando” todos e qualquer um como se estivessem com ereção matinal constante. Assim como acho o fim da picada homens falando no celular com suas namoradas ou esposas: “Opa! Beleza? Nossa, velho, hoje o meu dia foi foda!”.
Podem saber que esses são os mesmos homens que culparão totalmente suas namoradas por terem ficado grávidas ou por terem tido qualquer tipo de infecção ginecológica. Isso porque essas coisas se manifestam com muito mais clareza no corpo da mulher e esse tipo de homem desconhece as diferenças básicas entre os gêneros.
Da mesma maneira, muitas de suas mulheres têm vergonha de compartilhar quando essas doenças aparecem e muitas, provavelmente, ficaram sozinhas durante o processo de aborto ou mesmo na sala de parto achando que isso é perfeitamente natural. Afinal, de quem é o corpo?
O cúmulo do machismo e do retrocesso é achar que mulher e homem são iguais, que devem se comportar e serem tratados da mesma maneira. Ainda mais hoje em dia, onde as mulheres já mostraram que as especificidades do gênero feminino, muitas vezes complexas e incompreendidas, são as bases de seu mistério, inteligência e sensualidade. Do mesmo jeito que se comportar verdadeiramente como mulher é importante para a sua feminilidade, o homem também se torna mais viril ao tratá-la como o ser especial que ela é. Me pergunto: o que seria da relação entre os gêneros sem esses detalhes e diferenças?
Por isso tudo é que eu defendo o Dia Internacional da Mulher. Somos seres divinos e merecemos um dia de homenagem.
Viva o sutiã com renda e tudo! E, nos dias de hoje, acho que só vale a pena que ele seja queimado na lareira. Depois ter se manchado de vinho, no auge de uma noite ardente a dois.

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sexta-feira, 20 de junho de 2008

Canção para Morte de Ofélia

Rosa de maio, virgem amada, boa irmã gentil,
Afogada, foi velada na calada madrugada
Carne enterrada, dita estragada
Carne noviça, macia e lavada
E o amor dissolvido na água
Água da lágrima salgada e concentrada
Da paixão que transborda a alma
Alma que precisa de carne temperada
Para viver e dar vida ao amor
Amor é alma etérea, eterna e imortal da parte que sobrou
Afundou, boiou, acenou e voou

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